Nutricosméticos são suplementos ou “complementos” alimentares compostos por nutrientes capazes de promover benefícios estéticos. São as chamadas “pílulas de beleza”.
Diferem dos suplementos alimentares tradicionais, pois em sua maioria, apresentam nutrientes em formulações e em formas químicas específicas e mais biodisponíveis, assegurando um maior aproveitamento pelo organismo. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) enquadra os produtos nutricosméticos como alimentos funcionais devido a atuação de nutrientes, que produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos na manutenção do organismo.
O nutricosmético não é alimento nem cosmético, está na categoria dos gêneros alimentícios na Diretiva Européia 2002/46/EC que apresenta uma lista de vitaminas e minerais autorizados com seu devido critério de pureza. Está em discussão doses máximas desses complementos. Um projeto para definir padrões e harmonizar os apelos mercadológicos dos benefícios desses complementos ainda está em discussão.
Em sua composição geralmente encontram-se vitaminas, minerais, antioxidantes, ácidos graxos essenciais e até probióticos (bactérias envolvidas na manutenção da saúde intestinal e imunológica). O mecanismo de ação da maioria dos nutricosméticos geralmente se dá pela ação conjunta de compostos antioxidantes como bioflavonóides (presentes em frutas vermelhas e cítricas), polifenóis (presentes no chá verde), carotenóides (presentes em frutas alaranjadas e no tomate), vitaminas E, A e C (presentes em frutas alaranjadas, cítricas, castanhas e azeite de oliva) e minerais, que atuam no combate de radicais livres que danificam as células e levam ao envelhecimento.
Dentre as principais opções que encontramos no mercado, há aqueles destinados aos cuidados de cabelos e unhas, cuja ação se dá pelo estimulo da síntese de queratina; os destinados ao combate da flacidez e celulite, que estimulam a síntese de colágeno e sua proteção antiglicante (glicação é um fenômeno que faz com que moléculas de açúcar se unam às proteínas do colágeno, fragilizando-as e levando à perda de função estrutural); os destinados à proteção solar, compostos por carotenóides que protegem a pele, estimulam a síntese de melanina e que possuem até bactérias específicas com ação fotoprotetora; os com ação “anti-aging”, que combatem os radicais livres que levam ao envelhecimento da pele; e os destinados ao controle de peso e perda de gordura, que apresentam nutrientes específicos envolvidos no controle do apetite, que favorecem a oxidação lipídica e possuem elementos capazes de estimular a atividade metabólica (termogênicos).
Embora as promessas destes produtos sejam tentadoras, é preciso muita cautela para fazer seu uso. Os nutricosméticos são recomendados para pessoas saudáveis, que não conseguem muitas vezes suprir suas necessidades nutricionais devido ao ritmo de vida acelerado. Porém, caso haja um desequilíbrio fisiológico “de base”, os seus efeitos poderão ser comprometidos. Por exemplo, pessoas que apresentam desequilíbrios nutricionais ou até hormonais mais severos, como no caso de anemias ou hipotireoidismo, ou apenas uma alimentação inadequada, poderão não perceber resultados tão expressivos com o uso destes suplementos.
Apesar de serem produtos de livre acesso aos consumidores, o ideal é que osnutricosméticos sejam prescritos sob a orientação profissional, seja de um nutricionista ou médico. Isso porque somente após uma avaliação minuciosa é possível diagnosticar deficiências e direcionar a suplementação de uma forma mais eficaz. Toda e qualquer suplementação deve ser individualizada, considerando-se aspectos como estilo de vida, idade, perfil genético, uso de medicações, patologias associadas, entre outros.
Nestes produtos muitos nutrientes encontram-se em concentrações altas, o que pode ocasionar desequilíbrios e efeitos colaterais variados. Além disso, todos os nutrientes de que o organismo precisa agem sinérgicamente. Este sinergismo deve ser considerado na proposta de suplementação, já que nutrientes antioxidantes agem em conjunto e na carência de algum, haverá o efeito contrário (efeito pró-oxidante). Também, o uso de muitos produtos ao mesmo tempo pode provocar efeitos indesejáveis e até mesmo intoxicação.
As “pílulas da beleza” parecem uma excelente idéia, mas para isso é importante que elas sejam inseridas num contexto favorável. Não adianta ter um péssimo estilo de vida, regado a sedentarismo, álcool, cigarro e fast-food e achar que elas resolverão tudo. Elas podem sim ser grandes aliadas à beleza, porém para isso é necessário mudar o padrões e hábitos de vida, buscando uma vida mais saudável.
Laís Murta – Nutricionista Funcional Clínica e Esportiva
Nutricionista funcional, especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP e pós-
graduada em Nutrição Funcional pela VP consultoria. Presta serviços de assessoria para empresas, atua na área clinica e esportiva e como Personal Diet – atendimento personalizado em domicílio.
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