Depois de uma avalanche de denúncias sobre corrupções e desonestidade talvez nos perguntamos como é possível se manter positivo diante de tantas notícias negativas? A palavra pós-“verdade” descreve circunstâncias de quando fatos objetivos são menos influentes do que apelos a emoção e crenças. Nossos feeds de mídia social se tornaram câmaras de eco, dizem os críticos, e as notícias "falsas" estão proliferando cada vez mais. Você acredita que jornalistas sempre dizem a verdade?
Algumas empresas no Reino Unido como a Dinamarquesa Lego encerrou o seu contrato com um tablóide Britânico alegando que o mesmo promovia a cultura do ódio por incentivar a saída do Reino Unido da União Européia. Outras empresas devem retirar dos tablóides suas campanhas por afirmarem que estão ingetando combustível de ódio, agressividade e sentimento anti-migrantes através de suas histórias.
Mas espere. Há uma questão mais ampla sobre como a mídia tem influenciado a sociedade. Durante muito tempo, a imprensa tem contado uma história negativa sobre a natureza humana e o que está acontecendo em nosso mundo. A narrativa ampla que surge é que as coisas são ruins e estão piorando. Que vivemos num mundo agudamente perigoso caracterizado pelo interesse próprio, pela competição e pela escassez.
As décadas recentes, contudo, têm trazido realmente o progresso global por muitas medidas. Incluem uma redução da pobreza extrema; Menos pessoas morrem em consequência de conflitos; Melhoraram a saúde e a esperança de vida; Mais países tornando-se democracias, e menos crimes violentos. No entanto, os benefícios não foram partilhados igualmente. E é evidente que os problemas enfrentados pelos indivíduos, as comunidades, as nações e o mundo como um todo, das mudanças climáticas à desigualdade social, precisam de nossa atenção urgente.
Apesar do brilho de tanto jornalismo, o foco excessivo da mídia em notícias ruins criou uma história sobre o nosso mundo que distorce a realidade, nos divide e, contraproducentemente, limita nossa capacidade de responder efetivamente aos desafios que enfrentamos.
Onde a mídia coloca sua atenção e como ela enquadra as informações que seleciona, é uma escolha preciosa. Ela exerce uma influência poderosa sobre nossos estados de mente individuais e coletivos e guia nossa história cultural compartilhada. Há uma necessidade urgente, e oportunidade, para uma melhor história sobre nós mesmos, nosso mundo e o que é possível.
Vamos tirar nossas cabeças do buraco e acordar para mudar os alicerces da nossa sociedade.
Há décadas de evidência sobre como as notícias negativas podem levar à ansiedade, depressão, medo exacerbado dos outros, desamparo, diminuição do comportamento pró-social e potencialmente desprezo e ressentimento para com os outros.
Em um estudo recentemente publicado, conduzidos para uma tese de mestrado de psicologia, os entrevistados disseram que um excesso de notícias negativas os levou a ver o negativo em outras pessoas e se sentir isolado. Mas depois de ler uma noticia positiva disseram que o artigo os ajudaram a dar-lhes uma perspectiva mais ampla. Aumentaram seu senso de comunidade e crença de que poderiam contribuir para a sociedade e fazer a diferença; E melhoraram seu humor e os fizeram se sentir otimistas.
O jornalismo construtivo, relatórios rigorosos sobre o progresso e as possibilidades de mudança, está agora crescendo em todo o mundo. A BBC é uma das organizações de mídia que tem experimentado dentro de sua programação noticias mais positivas e histórias construtivas. Seguida pelo The Guardian e outros estabelecimentos que lançaram seções para histórias construtivas.
Estabelecer uma mentalidade construtiva e compassiva na mídia criará um espaço mais fértil para uma sociedade verdadeiramente próspera. Ela vai conseguir isso não prescrevendo como a sociedade deve ser, mas desencadeando o potencial humano em vez de afogá-lo em um mar de ansiedade e cinismo.
Pode-se apresentar uma nova narrativa do que é estar vivo neste momento, com base em um entendimento que está em consonância com a antiga sabedoria e a ciência mais recente. Sob os comportamentos destrutivos que surgem de nossas feridas e medos, somos predominantemente uma espécie sócio-cooperativa, com uma necessidade universal de conexão.
Sempre que os valores humanos altruístas sustentam as maneiras pelas quais nos organizamos juntos para atender às nossas necessidades, surge a nova história. De pequenos a grandes atos de bondade, de lentos mas profundos avanços. Seja através de remodelação de educação baseada no bem-estar. Crowdfunding de apoio para os políticos que se destacam por seus valores morais e de tolerância. Reorientar a economia para melhor servir o todo, através de cooperativas e empresas sociais. Criando comunidades de apoio através de aplicativos projetados para ajudar.
Como podemos prosperar como uma sociedade e deixar ninguém para trás, e onde podemos descobrir as sementes disso?
É numa narrativa que revela o que nos liga, em vez de nos dividir, que encontraremos um plano para novos sistemas e acordos sociais. Com a mídia como um dos nossos maiores contadores de histórias, nestes tempos incertos, o que acontece em seguida depende da história que compramos.