Seja bem vindo a Online Farma!

Médico alerta sobre o consumo excessivo de antiácidos e leite, o que pode piorar o quadro

As úlceras gástricas (pépticas) surgem no estômago e causam grande desconforto e dor. Uma das bactérias responsáveis pela complicação chama-se Helicobacter pylori, ao manter contato com as paredes estomacais aumenta as chances de gastrite, úlcera e até do câncer. 

O câncer relacionado ao H. pylori é o terceiro tumor maligno mais frequente entre os homens e o quinto entre as mulheres. O tumor atinge principalmente populações do Japão e Coreia do Sul. No mundo 700 mil mortes são causadas pela bactéria, sendo no Brasil 20 mil novos casos ao ano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 80% dos casos de câncer gástrico poderiam ser combatidos na eliminação da bactéria H. pylori. Portanto, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) classificou o H. pylori como um carcinógeno pertencente à classe I na manifestação do câncer de estômago.

O especialista em gastroenterologia, Dr. Marlus Morais, da Unimed Paraná, explica que o H. pylori pode dar origem a desequilíbrios dos mecanismos de proteção das mucosas digestivas dos segmentos altos e com isso, associado a outros fatores de agressão,  desencadear gastrite ou úlceras digestivas. De acordo com o médico as úlceras pépticas são resultado da presença de ácidos em quantidades agressivas ao tubo digestivo, portanto acima do normal necessário ao processo de digestão. Além dos ácidos, a úlcera pode ser agravada pelo consumo de condimentos, hábitos inadequados de fumar e beber e quadros de estresse agudo.

A doença é multifatorial e pode causar dor e sangramento digestivo. “A característica mais comum da dor por úlcera digestiva alta é a localização no abdome alto, com um ritmo que se acentua principalmente com o jejum prolongado, portanto podendo acordar o paciente à noite. Pode apresentar alívio com a ingestão de alimentos, especialmente os que sejam quelantes de ácidos como o leite”, explica. 

A melhor forma de tratar ou mesmo prevenir a doença é corrigir os hábitos alimentares e principalmente evitar o jejum prolongado. O especialista adverte em relação ao consumo de alimentos ácidos, fumo, bebidas alcoólicas. Para o tratamento medicamentoso o médico comenta que há inúmeras opções, portanto cabe ao médico indicar a melhor para as necessidades de cada paciente. 

“Os medicamentos modernos para o tratamento da úlcera péptica estão associados ao uso dos chamados inibidores de bomba de prótons, que nada mais são do que remédios que bloqueiam “inteligentemente” a produção de ácidos gástricos, mantendo-os dentro de patamares que permitem a digestão e que evitam a sobrecarga ácida”, explica. 

Gastrite nervosa pode se transformar em úlceras?

O médico salienta que isso é um mito e que ambas as doenças são diferentes, embora possuam pontos em comum. De acordo com o Dr. Marlus em casos de gastrite o revestimento do estômago permanece íntegro, apenas com inchaço e congesto. 

“Há formas de gastrite que implicam em atrofia ou erosão da mucosa, mas são lesões superficiais que não penetram à parede do estômago de forma à caracterizar úlcera. Portanto, a gastrite se restringe ao estômago e não se transforma em úlcera”, esclarece. 

 

Atenção ao consumo exagerado de antiácidos

Muitas pessoas que sofrem de gastrite tem o hábito de consumir frequentemente os antiácidos, pois a princípio o alívio pode ser imediato, porém o médico alerta quanto aos ricos desse costume. 

“Não só antiácidos, mas também o consumo de leite com frequência pode provocar “efeito rebote”, ou seja, representar um bloqueio ácido no primeiro momento, mas provocar uma reação orgânica mais intensa como resposta, aumentando a produção de ácido o que leva a hiperacidez e consequentemente a alterações como gastrite, úlceras, implicações relacionadas a refluxo, entre outras doenças”, adverte. 

Quais alimentos evitar no cardápio?

Há uma lista extensa dos possíveis alimentos que podem provocar o desconforto, mas o melhor modo de saber quais são os alimentos prejudiciais é observando a reação do seu estômago após o consumo. “Elimine os alimentos que você perceber que lhe causa sensação de azia (gosto ácido ou “queimação”), dor no abdome superior, distensão abdominal ou peso epigástrico”, recomenda. 

Evite o jejum

De acordo com o médico essa é a principal recomendação para quem sofre de gastrite. O ideal é que as refeições sejam espaçadas, respeitando  de duas a três horas em jejum. Durante os intervalos o especialista indica o consumo de frutas, mesmo a noite próximo ao horário de recolher-se. 

Na hora das refeições é importante comer sem pressa, estar num ambiente tranquilo e triturar bem os alimentos por meio da mastigação adequada. “O uso de remédios durante as refeições deve ser discutido com médico, devendo o paciente abster-se de fazê-lo por conta, pois o efeito rebote produz danos maiores que a ausência de medicação”, reforça.  

 

 Dr. Marlus de Morais, especialista em gastroenterologia da Unimed Paraná

Referência:

https://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/12/17/noticia_saudeplena,151687/h-pylori-causa-gastrite-ulcera-e-aumenta-o-risco-de-cancer-de-estoma.shtml